sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Caso Juan: Defensor público volta a questionar de detalhes da investigação


Corpo encontrado, identificado como o do menino de 11 anos, deverá ser exumado na próxima terça-feira

POR MARIA INEZ MAGALHÃES
Rio - O corpo do menino Juan Moraes, 11 anos, deverá ser exumado na próxima terça-feira. A Justiça aceitou o pedido do defensor público de Nova Iguaçu, Antônio Carlos de Oliveira, que em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, apontou falhas na investigação da Polícia Civil. "Temos dúvida quanto ao tiro, por exemplo. A polícia diz que o menino foi atingido no pescoço. Quem leva tiro de fuzil no pescoço teria a cabeça arrancada, mas a coluna cervical estava intacta", questiona o defensor.

"Não sei o que aconteceu para dar tanta diferença entre um exame e outro. Não tenho elementos para dizer se houve fraude, mas quero uma nova coleta para exame de DNA e outras testemunhas precisam ser ouvidas", ressaltou Antônio Carlos, referindo-se à confusão na identificação da ossada encontrada em Belford Roxo. No primeiro exame feito no Instituto Médico-Legal (IML) de Nova Iguaçu, o corpo foi identificado como sendo de uma menina. Uma semana depois, exame de DNA apontaram que tratava-se de Juan.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Ossada foi encontrada perto de rio na Baixada, em julho | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Antônio Carlos disse ainda que fez o pedido de exumação porque os exames deixaram dúvidas. Segundo o defensor, além de o primeiro laudo pericial ter identificado uma menina, a pele seria branca. O defensor ainda afirmou que o material biológico coletado da ossada no IML de Nova Iguaçu não foi usado no exame de DNA. "O material existe, mas foi descartado no DNA. Mas quero que seja feita nova coleta. Não vi o exame, mas pelas fotos que vi, tive a impressão de que as unhas estavam cutiladas", disse Antônio Carlos.

Na coletiva, o defensor disse que pediu segredo de Justiça para preservação de provas; que um perito de Nova Iguaçu e o Ministério Público acompanhem a exumação; e que outras testemunhas sejam ouvidas. Segundo ele, testemunha ouvida no inquérito policial militar disse que as cápsulas no local foram encontradas por ela e entregues à polícia, e não localizadas pela Polícia Civil.
Sequência de falhas no caso que chocou o Rio

Operação
Dia 20, policiais do 20º BPM (Mesquita) vão à comunidade Danon checar informação sobre traficantes. Na ação, Juan desaparece, um rapaz é morto e dois são baleados, entre eles um irmão do menino.

Auto de resistência
Logo após a ação, PMs registram o caso como auto de resistência na 56ª DP (Comendador Soares). Apresentam armas e drogas e não falam sobre Juan.

Demora
O sumiço do menino só vem à tona no dia seguinte após denúncia da família de que ele fora baleado. Uma série de falhas na investigação da 56ª DP, entre elas a demora em pedir perícia para o local, faz o caso ser transferido, uma semana depois, para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.

Afastamento
Afastados da rua cinco dias após a operação, os PMs vão para serviços internos no mesmo batalhão. Só ontem eles foram transferidos para a ‘geladeira’ da corporação.

Perícia
A primeira perícia no local só ocorreu oito dias após o sumiço, dia 28. O chinelo que o menino usava no dia 20 foi encontrado. Só então começaram as buscas pelo corpo.

Testemunha
W., baleado no confronto, foi apontado como traficante e ficou cinco dias algemado no hospital. A família comprovou que o rapaz trabalha e ele é incluído no Programa de Proteção à Testemunha só duas semanas após o confronto.

Ossada
Dez dias após o sumiço, dia 30, foi achada a ossada que a perita atestou ser de uma menina. As buscas a Juan continuaram por 4 dias. Muito tempo depois, após dois exames de DNA, a Polícia Civil admitiu o erro.

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