Lorena é governada por dois prefeitos

BD

Paulo Neme (PTB), cassado nesta terça-feira, e o vice-prefeito Marcelo Bustamante (PTB) "ocupam" o mesmo cargo

Filipe Manoukian
O VALE
A cidade de Lorena está, neste momento, com dois prefeitos. A Câmara, baseada em duas Comissões Processantes, cassou o mandato de Paulo Neme (PTB) hoje pela manhã. Entretanto, Neme se recusa a deixar o cargo e afirma estar despachando normalmente. Por sua vez, o vice-prefeito empossado pelos vereadores, Marcelo Bustamante (PTB), também afirma ser o legítimo prefeito de Lorena.
No meio da confusão, o estafe de Neme na administração municipal, como o secretário de Comunicação, Luís Otávio Nunes Cardoso, defende que quem está de fato despachando é Neme.
A decisão da Câmara de decretar o impeachment de Neme é amparada em duas Comissões Processantes realizadas nentre julho e este mês.
Na primeira, os vereadores decretaram a cassação de Neme por irregularidades no uso da frota oficial da prefeitura, desrespeito aos requerimentos formulados pelos vereadores e pedofilia.
Na segunda, votada na semana passada, Neme foi acusado de ter utilizado irregularmente R$ 5,4 milhões de verbas do Fundeb (Fundo para o Desenvolvimento da Educação Básica) para pagamentos a empresas que prestam serviço à prefeitura.
Anteriormente, no dia 15 de julho, Neme teve seu primeiro impeachment aprovado pela Câmara, por suposto desvio de R$ 54 mil na compra de materiais para uma escola da rede municipal.
Ato decreta a cassação de Paulo NemeNo caso dessa primeira Comissão Processante, contudo, o prefeito conquistou uma liminar na Justiça de Lorena que sustou os efeitos da votação, até que a Justiça julgue se a condução do processo de impeachment foi conduzido de forma parcial ou não.
Neme também ganhou no Tribunal de Justiça o direito de permanecer à frente da prefeitura durante os processos de cassação, depois que os vereadores resolveram afastá-lo --o petebista passou quase um mês longe do cargo.
Por causa dessas "duas vitórias jurídicas", como define Neme, ele diz que permanecerá no cargo. "Considero ilegítima a cassação", disse. "Então, vamos esperar a decisão da Justiça".