domingo, 28 de agosto de 2011

Manifestação por segurança reúne 2.500 pessoas no Morumbi


Moradores do bairro se reuniram neste domingo ao lado do Palácio do Governo e fizeram abaixo-assinado por combate à criminalidade

Fernanda Simas, iG São Paulo
“O amigo do meu filho ficou um mês no hospital porque foi baleado e teve o pulmão perfurado depois de um assalto. Meu filho estava junto e eles nem reagiram. A partir dessa violência tive a ideia de tentar fazer um grupo”. O relato de Roberta Menezes, moradora do Morumbi, bairro da zona sul de São Paulo, explica a criação do grupo “Moradores do Morumbi”, criado na rede social facebook e com quase 4 mil membros. A partir desse grupo, a manifestação feita neste domingo na Praça Vinícius de Moraes, ao lado do Palácio do Governo, foi organizada.
O protesto contra a violência no bairro reuniu cerca de 2.500 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, entre moradores, representantes de Conselhos de Segurança, vereadores e deputados. Sob os dizeres de um carro de som e com faixas “Amanhã é tarde. Segurança já” e “Basta de Violência. A rua do símbolo quer paz!”, os manifestantes contornaram a praça, em um abraço simbólico, fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da violência e soltaram diversas bexigas brancas.

Foto: Edu Chaves/ Futura Press
Moradores da região do Morumbi se reúnem e fazem manifestação por mais segurança no bairro
Voluntários circulavam pelo local e colhiam assinaturas para um abaixo-assinado que reivindica mais segurança nas ruas do bairro e uma base da PM em Paraisópolis. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, foram registrados na região, apenas no mês de julho, 73 roubos de veículos e outros 325 roubos diversos (somando as ocorrências do 34° Distrito Policial, Morumbi, e do 89° Distrito Policial, Jardim Taboão).
A organizadora da manifestação, Ana Paula Freitas, deixa claro que o intuito não é fazer um protesto separatista com relação aos moradores da favela de Paraisópolis, como algumas pessoas questionaram. “Todos somos Morumbi. Nós contamos com o apoio de moradores de Paraisópolis, mas muitos não podem aparecer com medo de retaliações”, afirmou. “Meu amigo diz uma coisa e eu concordo: não existe Morumbi bom com Paraisópolis ruim e vice-versa.”
Freitas conta que o escritório onde trabalha foi assaltado cinco vezes em um ano e acredita que o reforço policial é essencial. “Houve um crescimento populacional muito grande aqui no Morumbi, mas continua o mesmo efetivo (policial).” Ela diz que o grupo pretende colher assinaturas até o início de setembro para encaminhar ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Foto: Edu Chaves/ Futura Press Ampliar
Manifestantes soltam bexigas brancas durante protesto por mais segurança no bairro do Morumbi
“Tudo que tenha a participação da massa, tem mais força para chegar ao governo. Uma voz sozinha não faz nada”, enfatiza a jornalista Iza Barbaum Kochmann, uma das voluntárias que recolhiam as assinaturas. Ela mora há 12 anos no Portal do Morumbi, conta que já presenciou alguns assaltos e acredita que o resultado da manifestação será positivo. “Fui andando com a prancheta e não vencia.”
“É muito difícil mobilizar a classe média. Isso mostra o desespero dessa população. Já conversei com o governador (Geraldo Alckmin) e ele está disposto a receber o documento”, afirma o vereador Floriano Pesaro (PSDB), que esteve no protesto.
A deputada federal Keiko Ota (PSB-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Vítimas da Violência, também compareceu à manifestação e apoia a iniciativa. “Não podemos nos calar. A violência não discrimina ninguém”. Em agosto de 1997, seu filho Ives Ota, na época com oito anos, foi sequestrado e morto um dia depois por reconhecer um dos sequestradores.
Essa Frente Parlamentar foi lançada este mês e tem o intuito de reivindicar direitos para as famílias de vítimas da violência. “O objetivo é aprimorar as leis que beneficiem as vítimas. A gente perde o chão, perde tudo (quando alguém da família morre). E se a pessoa que morre é a provedora da família? Precisamos dar um auxílio para essas pessoas”, enfatiza Ota.

Casos de violência
O empresário Jorge Toquetti, 52 anos, mora no bairro há 15 anos e acredita que apenas o reforço policial não vai solucionar o problema da violência. “Apenas o policiamento ostensivo não é a solução. Uma vez que pegam o ladrão, é preciso mantê-lo preso. Nosso código penal é tão arcaico que ninguém fica preso.” Toquetti conta que sua família foi vítima de um assalto, em maio deste ano. Sua filha Natalie, 20 anos, chegava em casa com o namorado por volta das 22h, quando bandidos renderam os dois e entraram na casa. Eles roubaram aparelhos eletrônicos e joias e fugiram no carro do namorado de Natalie.
Com a comerciante Edla Rocha, o caso foi mais grave. Ela ficou sete meses em uma cadeira de rodas depois de ser baleada, na frente dos dois filhos pequenos. “Eu estava saindo do prédio com os dois (filhos) e um entregador de pizza me abordou, dando coronhada na minha cabeça. Eu reagi e ele atirou”. Rocha afirma que os dois filhos, uma menina e um menino, ainda lembram daquele dia e que até hoje têm medo.
O presidente da Sociedade Amigos de Bairro do Morumbi e Vila Suzano (Samovis), Jorge Eduardo de Souza, lembra indignado de ter esperado mais de quatro horas para registrar um boletim de ocorrência depois de ser sequestrado. “Era Indulto do Dia dos Pais do ano passado e eu fui sequestrado. Percebi que os dois bandidos estavam sob o comando de alguém porque sempre falavam ao telefone e diziam ‘vamos conseguir, vamos levar o dinheiro’. Fiquei quatro horas com eles e vi que estavam muito bem armados.”
Menores de idade
A maioria dos roubos realizados na região do Morumbi é praticada por menores de idade, segundo o presidente do Conselho de Segurança Portal do Morumbi, Celso Neves Cavallini. “As crianças vão para a aula de manhã ou de tarde e depois ficam nas ruas, aí passa o bandido em uma moto, vestindo um tênis importado, e as crianças pensam ‘como posso conseguir isso?’. Quando essas crianças são apreendidas, vão para o Conselho Tutelar, mas muitas vezes voltam para as ruas”, explica Cavallini.
Para ele, o número de roubos na região não é necessariamente maior do que em outros bairros da cidade, mas está chamando a atenção das pessoas. “O que agravou o terror foi os assaltos serem feitos contra mulheres porque eles (assaltantes

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